sexta-feira, 9 de março de 2012

IDOLATRIA


Não fareis outros deuses comigo; deuses de prata, ou deuses de ouro, não os fareis para vós. (Ex 20:23)


  • INTRODUÇÃO
 
Não pretendo fazer um estudo exaustivo da idolatria no contexto pagão nem ainda no contexto judaico-cristão, é apenas o meu interesse chamar a nossa atenção para um ou outro caso que tiveram e, têm lugar no seio da humanidade.

Desde sempre o homem tem prestado culto aos seus deuses satisfazendo assim a necessidade interior de se relacionar com o sobrenatural que têm domínio sobre as coisas que ficam fora do controle humano.

Na sua ignorância espiritual, o homem tem criado um deus para cada situação e tem-no cultuado…
Os homens têm prestado culto aos deuses da caça, aos deuses do vento, aos da chuva, do sol, da fecundidade, da guerra, ect. … na esperança de que estes lhe sejam favoráveis nos seus empreendimentos. 

Isto é indicador de que o homem sabe que não está sozinho no universo e há alguém mais poderoso do que ele, nas situações que ficam fora do seu controle este pode valer-lhe (!?).


  • IDOLATRIA NO JUDAÍSMO
 
 
Desde a saída do Egipto [1445 A.C.] a história do povo de Israel está caracterizada por períodos de prevalente idolatria até ao tempo em que o reino do Norte foi levado para o cativeiro assírio em 722 A.C. e o reino do Sul foi levado para a Babilónia por Nabucodonosor em 605 A.C. numa primeira deportação seguida de mais duas: uma em 597 A.C. e outra em 586. A.C. tendo permanecido setenta anos fora da sua terra sob o domínio babilónico e ainda sob o domínio medo-persa, a fim de serem ‘curados’ da idolatria.

A ‘cura’ foi radical, pois até hoje, quase 2500 depois, nunca mais se achou idolatria no meio de Israel, embora continuassem e continuem a padecer de outros males que voltaram a leva-los cativos em 70 A.D. pelo império romano, onde permaneceram espalhados pelo mundo até 1948 A.D.
A idolatria em Israel atingiu um ponto de abominação tão elevado que chegaram a sacrificar os seus próprios filhos aos deuses pagãos apesar da estrita proibição que Deus atempadamente deixou registada na Lei, antes que entrassem na terra prometida, Moisés escreveu: “Não se achará no meio de ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro,”(Dt 18:10)

De pouco valeu toda a cautela divina, os reis em Israel, que deviam ser o garante do cumprimento da lei divina e deviam tê-la como livro de mesa-de-cabeceira, [Dt.17.18] foram muitas vezes os primeiros a cair na idolatria arrastando consigo o restante do povo que deviam proteger da mesma.
A Bíblia diz acerca do rei Manasses: “E até fez passar seu filho pelo fogo, e usou de augúrios e de encantamentos, e instituiu adivinhos e feiticeiros; fez muito mal aos olhos do Senhor, provocando-o à ira.” (2Rs 21:6)

Porem este não foi o único, muitos o antecederam e outros lhe seguiram o exemplo, leiamos o que diz Deus através do profeta Ezequiel: “Além disto, tomaste a teus filhos e tuas filhas, que me geraras, e lhos sacrificaste, para serem devorados pelas chamas. Acaso foi a tua prostituição de tão pouca monta, (Ez.16:20)

Assim diz o Senhor Deus: Pois que se derramou a tua lascívia, e se descobriu a tua nudez nas tuas prostituições com os teus amantes; por causa também de todos os ídolos das tuas abominações, e do sangue de teus filhos que lhes deste;” (Ez 16:36)

Antes do profeta Ezequiel, já o Senhor tinha através do profeta Isaías conclamado povo a mudar o seu comportamento idólatra e a voltar-se para Ele, mas sem resultado!

 Deus dizia-lhes: “Mas chegai-vos aqui, vós os filhos da agoireira, linhagem do adúltero e da prostituta. De quem fazeis escárnio? Contra quem escancarais a boca, e deitais para fora a língua? Porventura não sois vós filhos da transgressão, estirpe da falsidade, que vos inflamais junto aos terebintos, debaixo de toda árvore verde, e sacrificais os filhos nos vales, debaixo das fendas dos penhascos? Por entre as pedras lisas do vale está o teu quinhão [gravuras rupestres]. Estas, estas são a tua sorte; também a estas derramaste a tua libação e lhes ofereceste uma oblação. Contentar-me-ia com estas coisas?” (Is.57-3:6)

Esta idolatria e feitiçaria, que sempre estão ligadas, efectivamente foram banidas de Israel e do judaísmo, infelizmente haviam de mais tarde vir a instalar-se no cristianismo, para tristeza de nosso Senhor Jesus Cristo


  • IDOLATRIA NO CRISTIANISMO
 
 
Perto do ano 800 A D, foram introduzidas no meio do cristianismo as imagens de escultura e instalou-se o espírito da idolatria, que não terá o mesmo peso nem a mesma perversidade que tinha no seio do paganismo, mas tem os mesmos efeitos nefastos na vida espiritual do idólatra, quanto a idolatria do antigo paganismo.
O objectivo da idolatria moderna no seio do cristianismo é: roubar o culto ao Cristo do cristianismo [Jesus Cristo o Filho de Deus].

Possuídos por esse espírito maligno, os homens que se dizem cristãos, à semelhança dos pagãos da antiguidade, têm arranjado ‘um santo’ para cada situação, como se Cristo não pudesse valer em todas, diminuindo assim o seu poder, nomeando-lhe ajudantes numa tarefa que é exclusivamente sua.
Entre estas nomeações há homens e mulheres, que morreram num passado mais distante ou mais recente, deixo alguns exemplos de Portugal:

O S. Pedro para clima; o S. António para os casamentos e protector de Lisboa; S. João protector do Porto; o S. Cristóvão para proteger os caminhantes; S. Francisco de Assis para proteger os animais; Sª do bom parto; Sª das dores; Sª da agonia… a lista é interminável.
Como interminável é a lista assim é interminável o número de imagens de escultura que os homens fazem para cada ‘santo’.

Essas imagens que os homens fazem, não são santas nem santos! Elas são ídolos.

É verdade que alguns teólogos que promovem a idolatria dizem que essas imagens funcionam como placas que indicam uma direcção: Deus.
Dizem ainda que não as adoram mas que as veneram, isso é uma questão se semântica, visto que o resultado de uma e da outra acção é o mesmo.

O desejo deles é “tapar o sol com uma peneira”, até hoje nunca vi bêbado a admitir que está bêbado, antes pelo contrário, quanto mais alcoolizado, mais sóbrio se faz, assim é esta gente.

O único mediador entre Deus e os homens continua a ser nosso Senhor Jesus Cristo que se fez homem. (I Tm2.5)

Todos nós nos damos conta de que o povo ensinado por estes teólogos, confia nesses ídolos como protectores, usa-os como amuletos, faz-lhes promessas e petições em oração, fazem-lhe oferendas, isto é: culto completo. O culto só pertence a Deus.

Os cristãos devem ter como regra de fé a Bíblia Sagrada que é a Palavra de Deus onde nos é manifesta a sua vontade a nosso respeito acerca de todas as coisas.
A bíblia é bem clara no que diz respeito à idolatria, todo o ser humano deve tomar conhecimento acerca daquilo que a Deus diz acerca dos ídolos, acerca dos que fazem os ídolos assim como dos que os servem e confiam neles.

No capítulo vinte do livro do Êxodo, estão descritos os dez mandamentos que o próprio Deus escreveu e deu na mão de Moisés, no monte do Sinai.
O segundo mandamento é bem claro quando diz: “Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; …” (Ex 20:4-5)

A igreja Católica eliminou este mandamento e do décimo fez dois para manter o número de dez

No livro do Levítico a proibição continua acerca da idolatria.
Não vos volteis para os ídolos, nem façais para vós deuses de fundição. Eu sou o Senhor vosso Deus. (Lv 19:4)

Não fareis para vós ídolos, nem para vós levantareis imagem esculpida, nem coluna, nem poreis na vossa terra pedra com figuras, para vos inclinardes a ela; porque eu sou o Senhor vosso Deus. (Lv 26:1)

Eis o que o livro dos salmos diz acerca dos que fazem ídolos e daqueles que neles confiam:
“Os ídolos das nações são prata e ouro, obra das mãos dos homens; têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem; nem há sopro algum na sua boca. Semelhantemente a eles se tornarão os que os fazem, e todos os que neles confiam.” (Sl.135.15-18)

O mesmo livro diz ainda acerca dos que os servem:

Confundidos são todos os que servem imagens esculpidas, que se gloriam de ídolos; …” (Sl 97:7)

Através do profeta Isaías, Deus procura chamar o povo à razão acerca dos ídolos e da respectiva idolatria: 

O ferreiro faz o machado, e trabalha nas brasas, e o forja com martelos, e o forja com o seu forte braço; ademais ele tem fome, e a sua força falta; não bebe água, e desfalece. O carpinteiro estende a régua sobre um pau, e com lápis esboça um deus; dá-lhe forma com o cepilho; torna a esboçá-lo com o compasso; finalmente dá-lhe forma à semelhança dum homem, segundo a beleza dum homem, para habitar numa casa Um homem corta para si cedros, ou toma um cipreste, ou um carvalho; assim escolhe dentre as árvores do bosque; planta uma faia, e a chuva a faz crescer.
Então ela serve ao homem para queimar: da madeira toma uma parte e com isso se aquenta; acende um fogo e assa o pão; também faz um deus e se prostra diante dele; fabrica uma imagem de escultura, e se ajoelha diante dela. Ele queima a metade no fogo, e com isso prepara a carne para comer; faz um assado, e dele se farta; também se aquenta, e diz: Ah! já me aquentei, já vi o fogo. Então do resto faz para si um deus, uma imagem de escultura; ajoelha-se diante dela, prostra-se, e lhe dirige a sua súplica dizendo: Livra-me porquanto tu és o meu deus. Nada sabem, nem entendem; porque se lhe untaram os olhos, para que não vejam, e o coração, para que não entendam. E nenhum deles reflecte; e não têm conhecimento nem entendimento para dizer: Metade queimei no fogo, e assei pão sobre as suas brasas; fiz um assado e dele comi; e faria eu do resto uma abominação? ajoelhar-me-ei ao que saiu duma árvore?” (Is.44-12:19)


 Estes são apenas alguns dos muitos textos que a Bíblia contem, para mostrar o quanto Deus odeia e abomina a idolatria assim como os que são idólatras.

Jesus é todo suficiente para suprir as necessidades humanas, não precisa de ajudantes para o serviço supridor, assim como não precisou para o serviço remidor lá cruz do Calvário.

Só a Ele deve pois ser dirigido o culto que o homem deve prestar ao único Deus.


  • CULTO IDÓLATRA
 
 
Aos deuses que são criações humanas, são os homens que escolhem os gestos que fazem; as palavras que dizem; as petições que fazem e os sacrifícios que oferecem, enquanto que, esses deuses nada têm a dizer porque não podem falar assim como não podem ouvir ou andar, visto que são ídolos de fabricação humana segundo a habilidade e imaginação do fabricante

No culto idólatra, alem de ao ídolo serem feitas: petições, promessas e oferendas para pagar as promessas, ainda são levados em procissão o que a Bíblia condena com severidade: “Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos, os que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.” (Is.45:20)


  • CONCLUSÃO
 
O culto pertence somente àquele que é o Deus Criador do Céu e da terra e de tudo o que nela existe.
Ele é transcendente e não tem necessidade de coisa nenhuma muito menos de ser carregado por mãos ou ombros humanos, o homem, esse sim é que tem necessidade de ser carregado por nosso Senhor Jesus Cristo.

Este Deus UNO a quem todos os homens devem servir, tem a autoridade e a possibilidade de dizer aos homens como lhe deve ser prestado o culto e qual a função deste.

Esta autoridade tem chegado até à presente geração através da Bíblia Sagrada, a única regra de fé pela qual se deve pautar o verdadeiro Cristianismo.

Quem desejar conhecer e ter acesso este Deus que se tem revelado à humanidade, tem a possibilidade de O conhecer e aceder a Ele através do Filho e nunca através de qualquer ídolo, por muito santa que tenha sido no seu tempo a pessoa que o ídolo representa.

O Filho morreu mas ressuscitou e está vivo em Espírito e Verdade no meio dos homens, por essa razão alem de estar proibido na Escritura fazer-lhe uma imagem de escultura, essa necessidade também não se verifica visto que podemos falar com Ele pessoalmente.


Pr. David Antunes