sexta-feira, 9 de março de 2012

ABRAÃO É CHAMADO POR DEUS PARA EXERCER A FÉ


Hebreus 11-8:11

8. Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, saindo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.
9. Pela fé peregrinou na terra da promessa, como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa;
10. Porque esperava a cidade que tem os fundamentos, da qual o arquitecto e edificador é Deus.
11. Pela fé, até a própria Sara recebeu a virtude de conceber um filho, mesmo fora da idade, porquanto teve por fiel aquele que lho havia prometido.

  • INTRODUÇÃO
 
Há aspectos da fé que são facilmente entendíveis, outros nem tanto…
Há a fé que leva o homem a crer no invisível e a aceitar no que não entende (Hb1.1)
Há a fé que o homem é obrigado a exercer…
Há a fé que leva o homem a obedecer espontaneamente…
Há a fé que leva as coisas a obedecer ao homem [esta não entendo]: (Mt.17.20; Lc.17.6)

Quando estudamos a vida de Abraão ficamos com uma noção mais clara acerca dos três primeiros géneros de fé acima mencionados e podemos ser ajudados a exercer a nossa fé como Abraão exerceu a sua.



  • CHAMADO DE ABRAÃO E A MORTE DO PAI

 
2. “Estêvão respondeu: Irmãos e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando ele na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã,
3. e disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar.
4. Então saiu da terra dos caldeus e habitou em Harã. Dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora habitais.” (At.7-2:4)


Estêvão faz aqui uma descrição da chamada de Abraão na qual nós encontramos um problema cronológico.
Não há dúvidas quanto ao facto de o senhor ter chamado Abraão quando ele estava em Ur dos caldeus [região do actual Iraque] para ir para um lugar que lhe havia de mostrar.
Abraão foi, mas levou a nação consigo, certamente seu pai não o deixou ir só por ser ele que o havia de suceder na liderança do clã, porem o Senhor obrigou-os a parar em Harã, do lado Norte do rio Eufates, [no actual território da Síria] pois a chamada era apenas e só para Abraão.
Nesta narrativa a Palavra de Deus diz que em Harã o Senhor disse novamente a Abraão: “Sai da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar.”
Num acto de fé Abraão obedeceu e foi…
Porem a palavra do Senhor deixa-nos aqui outra informação: “Dali, [Harã] depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora habitais.

Quando confronta-mos esta informação com a informação do livro do Génesis vemos aquilo que parece ser uma incoerência:

Tera viveu setenta anos, e gerou a Abrão, a Naor e a Harã.” (Gn 11:26)
Foram os dias de Tera duzentos e cinco anos; e morreu Tera em Harã” (Gn 11:32)
Partiu, pois Abrão, como o Senhor lhe ordenara, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã.” (Gn 12:4)

Tendo Abraão nascido antes de seu pai ter 70 anos, a idade máxima de Tera quando Abraão foi embora seria 145 anos de idade, não podia ter mais, como Abraão nasceu antes de seu pai ter essa idade, então Tera era bem mais novo quando Deus voltou a chamar Abraão!
Segundo a informação de Génesis 11.32; Tera morreu com 205 anos de idade.
 Como pode ser que em Actos dos Apóstolos, nós leiamos que só depois de seu pai ter morrido é que Abraão foi embora!?

Estêvão não pode estar a falar da morte biológica de Tera, porém, está certamente a falar da morte que aconteceu no coração de Abraão daquilo que seu pai representava para si nesta vida.
Abraão morreu para o pai e o pai morreu para Abraão.
A prova de que o pai morreu para Abraão é: ele nunca mais o viu nem nunca mais voltou àquele lugar nem à sua família.
Quando 65 anos mais tarde houve necessidade de ir buscar uma noiva para Isaque seu filho, leiamos o que diz a Escritura: “Ora, Abraão era já velho e de idade avançada; e em tudo o Senhor o havia abençoado. E disse Abraão ao seu servo, o mais antigo da casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía: Põe a tua mão debaixo da minha coxa, para que eu te faça jurar pelo Senhor, Deus do céu e da terra, que não tomarás para meu filho mulher dentre as filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito; mas que irás à minha terra e à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Isaque. Perguntou-lhe o servo: Se porventura a mulher não quiser seguir-me a esta terra, farei, então, tornar teu filho à terra donde saíste? Respondeu-lhe Abraão: Guarda-te de fazeres tornar para lá meu filho.” (Gn.24-1:6)




  • ABRAÃO OBRIGADO A EXERCER A SUA FÉ


A fé que leva à obediência, é alguma coisa que nem sempre é fácil exercer de forma espontânea, por essa razão Deus vê-se na continência de obrigar o homem a exercê-la
Certamente que Tera tinha planos acerca de Abraão na questão da sucessão à frente do clã.
Abraão era o seu filho mais velho, Harã era o filho mais novo, mas este morreu ainda antes de terem saído de Ur dos Caldeus.
Se Abraão agora ia só para formar outro clã, a continuidade do seu estava em risco assim como a sua herança, apesar de ainda ficar com terá o seu filho do meio [Naor, que casou com a sua sobrinha, filha do seu falecido irmão Harã].
Abarão e seu pai ‘pesaram’ todas esta questões…
Abraão precisava de fé para trocar o certo pelo incerto…
O lugar para onde Deus o chamava estava densamente povoado para a época, iria a encontrar perigos diversos que teria dificuldade em enfrentar sozinho – talvez essa a razão pela qual seu pai o teria obrigado a pelo menos levar Ló seu sobrinho — Abraão não tinha uma tarefa fácil pela frente, teria mostrado relutância diante de Deus em deixar a segurança do seio familiar.
Para que Abraão partisse e nunca mais voltasse nem permitisse que seu filho Isaque fosse àquele lugar, certamente alguma coisa aconteceu da parte de Deus que obrigou Abraão a partir para a terra de Canaã.
Na continuidade do estudo da Bíblia podemos ver que nem Deus nem Isaque proibiram Jacó de ir a Harã para trazer uma esposa para si.
Por isso, sou levado a concluir que Abraão foi forçado por Deus a exercer a sua fé sem o seu pai, o que não aconteceu em Ur.  
Creio poder-mos agora entender melhor a afirmação: “Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, saindo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.”


  • DEUS  ANIMA ABRAÃO E FAZ-LHE UM JURAMENTO
 
Posto a caminho, certamente que Abraão não iria muito animado, também iria temeroso, [pelo estudo da vida de Abraão nós podemos concluir que ele tomava decisões drásticas com medo de perder a vida, como por exemplo negar que Sara era sua esposa] porém, quando Deus chama também conhece os chamados, conhece as suas capacidades e as suas fraquezas e nestas: anima; capacita e protege, tem sido assim com todos aqueles que o Senhor tem usado.
Assim que Abraão entra na terra, o Senhor veio ao seu encontro para animá-lo: “Apareceu, porém, o Senhor a Abrão, e disse: À tua semente darei esta terra. Abrão, pois, edificou ali um altar ao Senhor, que lhe aparecera.” (Gn 12:7)
Abraão continua a sua peregrinação para Sul até ao Egipto onde foi parar por causa da fome, porem o Senhor o fez regressar depois de algumas peripécias na sua vida.

Era propósito de Deus que Abraão se separasse de Ló, visto que o Senhor queria que ele peregrinasse só na terra.
Separar-se de Ló foi um duro golpe para Abraão, além de ser seu sobrinho era para ele como um filho e a sua presença minimizava a falta da restante família, Abraão estaria agora mais desolado ainda que quando saiu de Harã, porem o Senhor vem ao seu encontro para mais uma vez o animar: “E disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o norte, para o sul, para o oriente e para o oriente; porque toda esta terra que vês, te hei-de dar a ti, e à tua descendência, para sempre. E farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que se puder ser contado o pó da terra, então também poderá ser contada a tua descendência. Levanta-te, percorre esta terra, no seu comprimento e na sua largura; porque a darei a ti. Então mudou Abrão as suas tendas, e foi habitar junto dos carvalhos de Manre, em Hebrom; e ali edificou um altar ao Senhor” (Gn.13-14:18)

Para entender-mos o melhor possível o estado de espírito de Abraão nesta altura, tenhamos em mente que o Senhor tinha prometido não somente a terra mas também uma descendência, Abraão via os anos a passarem e Sara, sua esposa, não concebia.
Abraão, certamente levava uma vida de interrogações e temores interiores acerca das promessas divinas, o que levou Deus a fazer um juramento especial a Abraão para ver se assim o tranquilizava.
Vejamos o capítulo quinze do livro do Génesis
 

 “ Depois destas coisas veio a palavra do Senhor a Abrão numa visão, dizendo: Não temas, Abrão; eu sou o teu escudo, o teu galardão será grandíssimo. Então disse Abrão: Oh Senhor Deus, que me darás, visto que morro sem filhos, e o herdeiro de minha casa é o damasceno Eliézer? Disse mais Abrão: A mim não me tens dado filhos; eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro. Ao que lhe veio a palavra do Senhor, dizendo: Este não será o teu herdeiro; mas aquele que sair das tuas entranhas, esse será o teu herdeiro.” (Gn.15.1-4)

Foram estas as palavras que Deus mais uma vez usou para animar e fortalecer a Abraão o que não foi fácil, pois no versículo oito, Abraão a perguntar a Deus: “Oh Senhor Deus, como saberei que hei-de herdá-la?”
Na sua infinita misericórdia Deus dá ordem a Abraão: “Toma-me uma novilha de três anos, uma cabra de três anos, um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho. Ele, pois, lhe trouxe todos estes animais, partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra;”
Na antiguidade quando dois ou mais homens faziam um pacto, para que este ficasse selado os pactuantes submetiam-se a um rito que consistia em sacrificar um ou mais animais, partindo-os depois pelo meio de alto abaixo.
As partes eram colocadas em equilíbrio em frente uma da outra com um espaço no meio por onde uma pessoa pudesse passar.
Enquanto os celebrantes do pacto um após outro passavam pelo meio das metades dos animais, iam dizendo: “como se fez a estes animais, assim se faça ao que transgredir o juramento”.

Foi para este efeito que Deus ordenou a Abraão que preparasse os animais e assim os dispusesse.
Abraão passou o resto do dia a enxotar as aves de rapina que queriam devorar os animais mortos, à noite estaria exausto e adormeceu.
Enquanto dormia, sobre ele “sobrevieram grande pavor e densas trevas.”
Nesta altura o Senhor faz algumas declarações a Abraão: 

  
  1. Sabe com certeza que a tua descendência será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos
  2. sabe também que eu julgarei a nação a qual ela tem de servir; e depois sairá com muitos bens.”
  3. Tu, porém, irás em paz para teus pais; em boa velhice serás sepultado
  4. Na quarta geração, porém, voltarão para cá; porque a medida da iniqüidade dos amorreus não está ainda cheia.”

 
Depois destas declarações, “Quando o sol já estava posto, e era escuro, eis um fogo fumegante e uma tocha de fogo, que passaram por entre aquelas metades.  Naquele mesmo dia fez o Senhor um pacto com Abrão, dizendo: Â tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates

Lemos aqui acerca de Deus que passou por entre as metades dos animais selando dessa forma o pacto com Abraão.
É verdade que a área “desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates” nunca foi ocupada pelo povo de Israel, mas será ocupada por ele durante o reinado do “descendente”.
Ora, a Abraão e a seu descendente foram feitas as promessas; não diz: E a seus descendentes, como falando de muitos, mas como de um só: E a teu descendente, que é Cristo.” (Gl.3:16)


[Não nos parece que até aqui a fé de Abraão tenha sido uma fé espontânea mas sim uma fé imposta e ajudada pelo Próprio Deus, e durante mais algum tempo ainda continuou assim, ou seja até ao nascimento do filho da promessa.
Isto também é indicador deu um outro acontecimento durante a história da salvação.
Até ao nascimento do FILHO DE DEUS nunca houve na terra fé espontânea da parte do homem para obedecer e servir a Deus, este procedimento de obedecer de forma espontânea ou natural começou com Jesus e depois outros, pela fé, se lhe têm seguido.]



  • NASCIMENTO DE ISMAEL
 
Haviam-se passado dez anos depois que Abraão tinha saído de Harã, [Gn.16.3] e estava agora 85 anos e Sara com 75.
 Sara era uma mulher de período regular, [Gn.18.11] porem infértil, razão pela qual nunca engravidou, mas havia essa esperança.
Aos 75 anos, teria chegado a menopausa e então as esperanças desapareceram, razão pela qual, Sara deu sua serva Agar a seu marido para que tivesse filhos, ao que Abraão acedeu.
Porem os caminhos de Deus são mais altos que os do Homem, era propósito do Senhor mostrar ao mundo que era possível uma mulher infértil cuja menopausa tinha chegado havia 15 anos, conceber e dar à luz um filho, o mesmo havia de acontecer com a Raquel esposa de seu neto Isaque que nas mesmas circunstâncias ainda teve dois filhos: José e Benjamim.
Logo, jamais alguém devia estranhar que uma virgem viesse a conceber e dar à luz um filho sem ter conhecido algum varão, como aconteceu com Maria, mãe de Jesus.
Da relação de Abraão com Agar nasceu Ismael, quando Abraão tinha 86 anos [Gn.16.16] e pensou ele, que tudo estava resolvido, Ismael iria ser o seu descendente e, tudo prosseguiu normalmente até que Abraão atinge a idade de 99 anos quando o Senhor volta a falar com ele para lhe dizer que o seu descendente havia de ser aquele que nascesse da livre e não o que tinha nascido da escrava.
A vida de Abraão havia de ‘levar outra vez uma grande volta’.

  • ABRAÃO COMEÇA A EXERCER A FÉ ESPONTANEAMENTE AOS NOVENTA ANOS
 
 “Quando Abrão tinha noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e lhe disse: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda em minha presença, e sê perfeito;” (Gn.17:1)
Apareceu o Senhor a Abraão para lhe indicar qual era o projecto a seu respeito daí em diante…
Com o rosto em terra Abraão escutou aquilo que Deus tinha para lhe dizer nesse dia:

  1.  A partir de hoje o teu nome é mudado de Abrão para Abraão…
  2. Tu e a tua descendência e todos os que estiverem contigo guardarão o pacto da circuncisão.
  3. Sarai passará a chamar-se Sara…
  4. Abençoarei Sara e dela te darei um filho, o seu nome será Isaque.
  5. Abençoarei Ismael, gerará 12 príncipes e farei dele uma grande nação.
  6. O meu pacto será com Isaque que nascerá no próximo ano.
Com o rosto em terra, quando Abraão ouviu Deus dizer-lhe que iria ter um filho de Sara, quando ouviu a afirmação, diz a Escritura “riu-se” e em seu coração interrogou-se, a um homem de cem anos e a uma mulher de noventa nascerá um filho? [Gn.17.17] depois disse Abraão “oxalá viva Ismael diante de ti”.
Ao levantar-se do chão quando Deus se foi, o seu coração já tinha sido mudado juntamente com o seu nome e, ele foi imediatamente a circuncidar-se juntamente com Ismael assim como todos os da sua casa, facto que agradou ao Senhor.
A partir desta altura Abraão ganhou ‘pontos’ no coração de Deus.
No capítulo dezoito, ouvimos Deus a dizer, antes de destruir Sodoma e Gomorra: “… Ocultarei eu a Abraão o que faço, …?”.
Depois de Deus ter declarado a Abraão quais as suas intenções acerca de Sodoma e Gomorra, vemos que este torna-se num extraordinário intercessor diante do Senhor, isto só pode ser produto da mudança de coração que teve lugar pouco tempo antes no encontro com o Senhor.



  • NASCIMENTO DE ISAQUE E OS DILEMAS DE ABRAÃO

 Isaque nasceu quando Abraão tinha cem anos de Idade [Gn.21.5] cresceu e foi “desmamado”, o que acontecia aos doze anos, Abraão faz uma grande festa por altura do acontecimento.
Porém agora surge uma questão da qual Abraão não estava à espera: Sara, sua esposa pede-lhe que despeça a escrava Agar juntamente com o seu filho Ismael, o que deixou Abraão preocupado.
Havia uma lei da época, revelada nos tabletes de Nuzi, que dava a primazia ao filho da mulher livre em relação ao filho da mulher escrava mesmo que este tivesse nascido primeiro, porem a escrava e o seu filho não podiam ser despejados na rua, e era isto que Sara pedia a Abraão.
Deus que continuava atento a todo o processo, interveio novamente junto de Abraão para que acedesse ao pedido de sua esposa e Ele cuidaria de Ismael, pois também era seu filho.
Abraão assim fez como o Senhor lhe mandou. [Gn.21.14]

Passaram alguns anos e o segundo dilema após o nascimento de Isaque aparece: Deus pede a Abraão que lhe sacrifique o seu filho Isaque em holocausto!
Abraão havia já algum tempo que começara a exercer fé de uma forma espontânea e agora esta fé precisava de ser aperfeiçoada.
Em segredo Abraão toma o seu filho e parte para o lugar que o Senhor lhe havia de mostrar.

Diz e Escritura que no terceiro dia Abraão viu “o lugar de longe” e pediu ao moços que ficassem naquele lugar, pois ele e Isaque iriam adorar depois voltariam.
Eis agora a questão: se Abraão viu o lugar de longe é porque em alma visão ou de outra forma o Senhor lho mostrou, e assim ele o conheceu quando o viu.
Ao chegar ao lugar Abraão começou com firmeza a prepara as coisas para o sacrifício.
Na hora de desferir o golpe final sobre Isaque, a sua mão foi segura pelo Senhor, caso contrário ele levaria até ao fim a ordem divina.
A Epístola aos Hebreus no capítulo 11, diz-nos porque razão Abraão estava na disposição de levar até ao fim a ordem divina: “julgando que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar; e daí também em figura o recobrou” (Hb 11:19)
A ressurreição é um conceito novo a par com a mesma, em relação ao tempo de Abraão, nunca se tinha falado nela nem tinha sido vista.
Se Abraão creu que Deus era poderoso para ressuscitar seu filho é por que de alguma forma Deus lhe mostrou esse facto, porque ninguém pode crer naquilo que nunca ouviu ou nunca viu.
Certamente Deus mostrou muitas coisas a Abraão quando lhe mostrou o lugar aonde havia de sacrificar o seu filho, entre elas lhe mostrou Jesus crucificado e, lhe mostrou também Jesus ressuscitado, por isso ele creu que Deus que ressuscitou a Jesus era poderoso para fazer o mesmo com Isaque, e diz o texto acima que é como se Isaque tivesse sido ressuscitado.
Abraão pode voltar com Isaque para junto dos seus servos como tinha dito que voltariam e depois para o acampamento a três dias de caminho.
Sara morreu tinha 127 anos [Gn.23.1] logo, Isaque tinha 37 e Abraão tinha 137.
Abraão havia de morrer com 175 anos [Gn.25.7] com esta idade ainda conheceu Esaú e Jacó, entretanto de um segundo casamento teve mais seis filhos…
Certamente Abraão não esperava viver tantos anos… esta foi uma recompensa divina ainda nesta vida pelo exercício da sua fé.



  • CONCLUSÃO
  
Quando Abraão de braço no ar se preparava para imolar o Isaque, Deus deteve-o e disse-lhe: “…porquanto agora sei que temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, o teu único filho. Visto que não me negaste teu filho, o teu único filho”
Este “porquanto agora sei”trouxe-me intrigado durante muito tempo, porque nos parece por em causa a omnisciência de Deus, como se até ali Ele não soubesse.
Com absoluta certeza Deus sabia que Abraão era capaz…
E Abraão sabia que era capaz de faze-lo em obediência a Deus!?
E as gerações futuras até hoje sabíamo-lo!? Certamente não…
Então podemos parafrasear esta Escritura e dizer-mos: agora é sabido…; agora provaste… que a tua fé é espontânea e obedeces sem resistência.
A Escritura diz: “…sem fé é impossível agradar a Deus…” (Hb.11.60); “Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.” (Rm 10:17)
Abraão aceitou imolar o filho porque pela fé aceitou a revelação divina…
O crente nos dias de hoje e até que Jesus venha deve imolar-se a si mesmo se de facto crê na revelação divina…
Paulo escreveu: “E assim, irmãos, peço-vos, através do amor de Deus, que dêem as vossas vidas a Deus. Que elas sejam como que um sacrifício vivo, santo, para Deus - o tipo de sacrifício que ele aceitará. Quando pensamos em tudo o que ele fez por nós, será isso pedir muito? Não se conformem com os padrões e costumes deste mundo, mas sejam como gente diferente, através da renovação da vossa maneira de pensar. E dessa forma conhecerão o que Deus deseja que façam, e verão como a sua vontade é realmente boa, agradável e perfeita.” (O Livro:Rm.12:1-2)
Como Deus recompensou Abraão pelo exercício da sua fé, de igual modo recompensará a cada um que se disponha e exercer a sua fé.