Hebreus
11-8:11
8. Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu,
saindo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para
onde ia.
9. Pela fé peregrinou na terra da promessa,
como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele
da mesma promessa;
10. Porque esperava a cidade que tem os
fundamentos, da qual o arquitecto e edificador é Deus.
11. Pela fé, até a própria Sara recebeu a
virtude de conceber um filho, mesmo fora da idade, porquanto teve por fiel
aquele que lho havia prometido.
- INTRODUÇÃO
Há aspectos
da fé que são facilmente entendíveis, outros nem tanto…
Há a fé que
leva o homem a crer no invisível e a aceitar no que não entende (Hb1.1)
Há a fé que
o homem é obrigado a exercer…
Há a fé que
leva o homem a obedecer espontaneamente…
Há a fé que
leva as coisas a obedecer ao homem [esta não entendo]: (Mt.17.20; Lc.17.6)
Quando
estudamos a vida de Abraão ficamos com uma noção mais clara acerca dos três
primeiros géneros de fé acima mencionados e podemos ser ajudados a exercer a
nossa fé como Abraão exerceu a sua.
- CHAMADO DE ABRAÃO E A MORTE DO PAI
2. “Estêvão respondeu: Irmãos e pais, ouvi.
O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando ele na Mesopotâmia, antes
de habitar em Harã,
3. e disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a
tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar.
4. Então saiu da terra dos caldeus e habitou
em Harã. Dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que
vós agora habitais.” (At.7-2:4)
Estêvão faz
aqui uma descrição da chamada de Abraão na qual nós encontramos um problema
cronológico.
Não há dúvidas
quanto ao facto de o senhor ter chamado Abraão quando ele estava em Ur dos
caldeus [região do actual Iraque] para ir para um lugar que lhe havia de
mostrar.
Abraão foi,
mas levou a nação consigo, certamente seu pai não o deixou ir só por ser ele
que o havia de suceder na liderança do clã, porem o Senhor obrigou-os a parar em
Harã, do lado Norte do rio Eufates, [no actual território da Síria] pois a
chamada era apenas e só para Abraão.
Nesta
narrativa a Palavra de Deus diz que em Harã o Senhor disse novamente a Abraão: “Sai
da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar.”
Num acto de
fé Abraão obedeceu e foi…
Porem a
palavra do Senhor deixa-nos aqui outra informação: “Dali, [Harã] depois que seu
pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora habitais.”
Quando
confronta-mos esta informação com a informação do livro do Génesis vemos aquilo
que parece ser uma incoerência:
“Tera viveu setenta anos, e gerou a Abrão, a
Naor e a Harã.” (Gn 11:26)
“Foram os dias de Tera duzentos e cinco anos;
e morreu Tera em Harã” (Gn 11:32)
“Partiu, pois Abrão, como o Senhor lhe
ordenara, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de
Harã.” (Gn 12:4)
Tendo Abraão
nascido antes de seu pai ter 70 anos, a idade máxima de Tera quando Abraão foi
embora seria 145 anos de idade, não podia ter mais, como Abraão nasceu antes de
seu pai ter essa idade, então Tera era bem mais novo quando Deus voltou a
chamar Abraão!
Segundo a
informação de Génesis 11.32; Tera morreu com 205 anos de idade.
Como pode ser que em Actos dos Apóstolos, nós
leiamos que só depois de seu pai ter morrido é que Abraão foi embora!?
Estêvão não
pode estar a falar da morte biológica de Tera, porém, está certamente a falar
da morte que aconteceu no coração de Abraão daquilo que seu pai representava
para si nesta vida.
Abraão
morreu para o pai e o pai morreu para Abraão.
A prova de
que o pai morreu para Abraão é: ele nunca mais o viu nem nunca mais voltou
àquele lugar nem à sua família.
Quando 65 anos
mais tarde houve necessidade de ir buscar uma noiva para Isaque seu filho,
leiamos o que diz a Escritura: “Ora,
Abraão era já velho e de idade avançada; e em tudo o Senhor o havia abençoado.
E disse Abraão ao seu servo, o mais antigo da casa, que tinha o governo sobre
tudo o que possuía: Põe a tua mão debaixo da minha coxa, para que eu te faça
jurar pelo Senhor, Deus do céu e da terra, que não tomarás para meu filho
mulher dentre as filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito; mas que irás
à minha terra e à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Isaque.
Perguntou-lhe o servo: Se porventura a mulher não quiser seguir-me a esta
terra, farei, então, tornar teu filho à terra donde saíste? Respondeu-lhe
Abraão: Guarda-te de fazeres tornar para lá meu filho.” (Gn.24-1:6)
- ABRAÃO OBRIGADO A EXERCER A SUA FÉ
A fé que leva à obediência, é alguma coisa que nem sempre é fácil exercer de forma espontânea, por essa razão Deus vê-se na continência de obrigar o homem a exercê-la
Certamente que Tera tinha planos acerca de Abraão na questão da sucessão à frente do clã.
Abraão era o
seu filho mais velho, Harã era o filho mais novo, mas este morreu ainda antes
de terem saído de Ur dos Caldeus.
Se Abraão
agora ia só para formar outro clã, a continuidade do seu estava em risco assim
como a sua herança, apesar de ainda ficar com terá o seu filho do meio [Naor,
que casou com a sua sobrinha, filha do seu falecido irmão Harã].
Abarão e seu
pai ‘pesaram’ todas esta questões…
Abraão
precisava de fé para trocar o certo pelo incerto…
O lugar para
onde Deus o chamava estava densamente povoado para a época, iria a encontrar
perigos diversos que teria dificuldade em enfrentar sozinho – talvez essa a
razão pela qual seu pai o teria obrigado a pelo menos levar Ló seu sobrinho —
Abraão não tinha uma tarefa fácil pela frente, teria mostrado relutância diante
de Deus em deixar a segurança do seio familiar.
Para que
Abraão partisse e nunca mais voltasse nem permitisse que seu filho Isaque fosse
àquele lugar, certamente alguma coisa aconteceu da parte de Deus que obrigou
Abraão a partir para a terra de Canaã.
Na
continuidade do estudo da Bíblia podemos ver que nem Deus nem Isaque proibiram
Jacó de ir a Harã para trazer uma esposa para si.
Por isso,
sou levado a concluir que Abraão foi forçado por Deus a exercer a sua fé sem o
seu pai, o que não aconteceu em Ur.
Creio
poder-mos agora entender melhor a afirmação: “Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, saindo para um lugar que havia
de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.”
- DEUS ANIMA ABRAÃO E FAZ-LHE UM JURAMENTO
Posto a
caminho, certamente que Abraão não iria muito animado, também iria temeroso, [pelo
estudo da vida de Abraão nós podemos concluir que ele tomava decisões drásticas
com medo de perder a vida, como por exemplo negar que Sara era sua esposa]
porém, quando Deus chama também conhece os chamados, conhece as suas
capacidades e as suas fraquezas e nestas: anima; capacita e protege, tem sido
assim com todos aqueles que o Senhor tem usado.
Assim que
Abraão entra na terra, o Senhor veio ao seu encontro para animá-lo: “Apareceu, porém, o Senhor a Abrão, e disse:
À tua semente darei esta terra. Abrão, pois, edificou ali um altar ao Senhor,
que lhe aparecera.” (Gn 12:7)
Abraão
continua a sua peregrinação para Sul até ao Egipto onde foi parar por causa da
fome, porem o Senhor o fez regressar depois de algumas peripécias na sua vida.
Era
propósito de Deus que Abraão se separasse de Ló, visto que o Senhor queria que
ele peregrinasse só na terra.
Separar-se
de Ló foi um duro golpe para Abraão, além de ser seu sobrinho era para ele como
um filho e a sua presença minimizava a falta da restante família, Abraão
estaria agora mais desolado ainda que quando saiu de Harã, porem o Senhor vem
ao seu encontro para mais uma vez o animar: “E disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora
os olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o norte, para o sul, para o
oriente e para o oriente; porque toda esta terra que vês, te hei-de dar a ti, e
à tua descendência, para sempre. E farei a tua descendência como o pó da terra;
de maneira que se puder ser contado o pó da terra, então também poderá ser
contada a tua descendência. Levanta-te, percorre esta terra, no seu comprimento
e na sua largura; porque a darei a ti. Então mudou Abrão as suas tendas, e foi
habitar junto dos carvalhos de Manre, em Hebrom; e ali edificou um altar ao
Senhor” (Gn.13-14:18)
Para
entender-mos o melhor possível o estado de espírito de Abraão nesta altura, tenhamos
em mente que o Senhor tinha prometido não somente a terra mas também uma
descendência, Abraão via os anos a passarem e Sara, sua esposa, não concebia.
Abraão,
certamente levava uma vida de interrogações e temores interiores acerca das
promessas divinas, o que levou Deus a fazer um juramento especial a Abraão para
ver se assim o tranquilizava.
Vejamos o
capítulo quinze do livro do Génesis
“ Depois
destas coisas veio a palavra do Senhor a Abrão numa visão, dizendo: Não temas, Abrão; eu sou o teu
escudo, o teu galardão será grandíssimo. Então disse Abrão: Oh Senhor Deus, que me darás, visto que
morro sem filhos, e o herdeiro de minha casa é o damasceno Eliézer? Disse
mais Abrão: A mim não me tens dado
filhos; eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro. Ao que lhe
veio a palavra do Senhor, dizendo: Este não será o teu herdeiro; mas aquele que sair das tuas entranhas,
esse será o teu herdeiro.” (Gn.15.1-4)
Foram estas
as palavras que Deus mais uma vez usou para animar e fortalecer a Abraão o que
não foi fácil, pois no versículo oito, Abraão a perguntar a Deus: “Oh Senhor Deus, como saberei que hei-de
herdá-la?”
Na sua
infinita misericórdia Deus dá ordem a Abraão: “Toma-me uma novilha de três anos, uma cabra de três anos, um carneiro
de três anos, uma rola e um pombinho. Ele, pois, lhe trouxe todos estes
animais, partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra;”
Na
antiguidade quando dois ou mais homens faziam um pacto, para que este ficasse
selado os pactuantes submetiam-se a um rito que consistia em sacrificar um ou
mais animais, partindo-os depois pelo meio de alto abaixo.
As partes
eram colocadas em equilíbrio em frente uma da outra com um espaço no meio por
onde uma pessoa pudesse passar.
Enquanto os
celebrantes do pacto um após outro passavam pelo meio das metades dos animais,
iam dizendo: “como se fez a estes animais, assim se faça ao que transgredir o
juramento”.
Foi para
este efeito que Deus ordenou a Abraão que preparasse os animais e assim os
dispusesse.
Abraão
passou o resto do dia a enxotar as aves de rapina que queriam devorar os
animais mortos, à noite estaria exausto e adormeceu.
Enquanto
dormia, sobre ele “sobrevieram grande pavor e densas trevas.”
Nesta altura
o Senhor faz algumas declarações a Abraão:
- “Sabe com certeza que a tua descendência será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos”
- “sabe também que eu julgarei a nação a qual ela tem de servir; e depois sairá com muitos bens.”
- “Tu, porém, irás em paz para teus pais; em boa velhice serás sepultado”
- “Na quarta geração, porém, voltarão para cá; porque a medida da iniqüidade dos amorreus não está ainda cheia.”
Depois
destas declarações, “Quando o sol já
estava posto, e era escuro, eis um fogo fumegante e uma tocha de fogo, que
passaram por entre aquelas metades.
Naquele mesmo dia fez o Senhor um pacto com Abrão, dizendo: Â tua
descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio
Eufrates”
Lemos aqui
acerca de Deus que passou por entre as metades dos animais selando dessa forma
o pacto com Abraão.
É verdade
que a área “desde o rio do Egito até o
grande rio Eufrates” nunca foi ocupada pelo povo de Israel, mas será
ocupada por ele durante o reinado do “descendente”.
“ Ora,
a Abraão e a seu descendente foram feitas as promessas; não diz: E a seus
descendentes, como falando de muitos, mas como de um só: E a teu descendente,
que é Cristo.” (Gl.3:16)
[Não nos
parece que até aqui a fé de Abraão tenha sido uma fé espontânea mas sim uma fé
imposta e ajudada pelo Próprio Deus, e durante mais algum tempo ainda continuou
assim, ou seja até ao nascimento do filho da promessa.
Isto também
é indicador deu um outro acontecimento durante a história da salvação.
Até ao
nascimento do FILHO DE DEUS nunca houve na terra fé espontânea da parte do
homem para obedecer e servir a Deus, este procedimento de obedecer de forma
espontânea ou natural começou com Jesus e depois outros, pela fé, se lhe têm
seguido.]
- NASCIMENTO DE ISMAEL
Haviam-se
passado dez anos depois que Abraão tinha saído de Harã, [Gn.16.3] e estava
agora 85 anos e Sara com 75.
Sara era uma mulher de período regular, [Gn.18.11]
porem infértil, razão pela qual nunca engravidou, mas havia essa esperança.
Aos 75 anos,
teria chegado a menopausa e então as esperanças desapareceram, razão pela qual,
Sara deu sua serva Agar a seu marido para que tivesse filhos, ao que Abraão
acedeu.
Porem os
caminhos de Deus são mais altos que os do Homem, era propósito do Senhor
mostrar ao mundo que era possível uma mulher infértil cuja menopausa tinha
chegado havia 15 anos, conceber e dar à luz um filho, o mesmo havia de
acontecer com a Raquel esposa de seu neto Isaque que nas mesmas circunstâncias
ainda teve dois filhos: José e Benjamim.
Logo, jamais
alguém devia estranhar que uma virgem viesse a conceber e dar à luz um filho
sem ter conhecido algum varão, como aconteceu com Maria, mãe de Jesus.
Da relação
de Abraão com Agar nasceu Ismael, quando Abraão tinha 86 anos [Gn.16.16] e
pensou ele, que tudo estava resolvido, Ismael iria ser o seu descendente e,
tudo prosseguiu normalmente até que Abraão atinge a idade de 99 anos quando o
Senhor volta a falar com ele para lhe dizer que o seu descendente havia de ser
aquele que nascesse da livre e não o que tinha nascido da escrava.
A vida de
Abraão havia de ‘levar outra vez uma grande volta’.
- ABRAÃO COMEÇA A EXERCER A FÉ ESPONTANEAMENTE AOS NOVENTA ANOS
“Quando
Abrão tinha noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e lhe disse: Eu sou o
Deus Todo-Poderoso; anda em minha presença, e sê perfeito;” (Gn.17:1)
Apareceu o
Senhor a Abraão para lhe indicar qual era o projecto a seu respeito daí em
diante…
Com o rosto
em terra Abraão escutou aquilo que Deus tinha para lhe dizer nesse dia:
- A partir de hoje o teu nome é mudado de Abrão para Abraão…
- Tu e a tua descendência e todos os que estiverem contigo guardarão o pacto da circuncisão.
- Sarai passará a chamar-se Sara…
- Abençoarei Sara e dela te darei um filho, o seu nome será Isaque.
- Abençoarei Ismael, gerará 12 príncipes e farei dele uma grande nação.
- O meu pacto será com Isaque que nascerá no próximo ano.
Com o rosto
em terra, quando Abraão ouviu Deus dizer-lhe que iria ter um filho de Sara,
quando ouviu a afirmação, diz a Escritura “riu-se” e em seu coração
interrogou-se, a um homem de cem anos e a uma mulher de noventa nascerá um
filho? [Gn.17.17] depois disse Abraão “oxalá viva Ismael diante de ti”.
Ao
levantar-se do chão quando Deus se foi, o seu coração já tinha sido mudado
juntamente com o seu nome e, ele foi imediatamente a circuncidar-se juntamente
com Ismael assim como todos os da sua casa, facto que agradou ao Senhor.
A partir
desta altura Abraão ganhou ‘pontos’ no coração de Deus.
No capítulo
dezoito, ouvimos Deus a dizer, antes de destruir Sodoma e Gomorra: “… Ocultarei eu a Abraão o que faço,
…?”.
Depois de
Deus ter declarado a Abraão quais as suas intenções acerca de Sodoma e Gomorra,
vemos que este torna-se num extraordinário intercessor diante do Senhor, isto
só pode ser produto da mudança de coração que teve lugar pouco tempo antes no
encontro com o Senhor.
- NASCIMENTO DE ISAQUE E OS DILEMAS DE ABRAÃO
Isaque
nasceu quando Abraão tinha cem anos de Idade [Gn.21.5] cresceu e foi
“desmamado”, o que acontecia aos doze anos, Abraão faz uma grande festa por
altura do acontecimento.
Porém agora
surge uma questão da qual Abraão não estava à espera: Sara, sua esposa pede-lhe
que despeça a escrava Agar juntamente com o seu filho Ismael, o que deixou
Abraão preocupado.
Havia uma
lei da época, revelada nos tabletes de Nuzi, que dava a primazia ao filho da mulher
livre em relação ao filho da mulher escrava mesmo que este tivesse nascido
primeiro, porem a escrava e o seu filho não podiam ser despejados na rua, e era
isto que Sara pedia a Abraão.
Deus que
continuava atento a todo o processo, interveio novamente junto de Abraão para
que acedesse ao pedido de sua esposa e Ele cuidaria de Ismael, pois também era
seu filho.
Abraão assim
fez como o Senhor lhe mandou. [Gn.21.14]
Passaram
alguns anos e o segundo dilema após o nascimento de Isaque aparece: Deus pede a
Abraão que lhe sacrifique o seu filho Isaque em holocausto!
Abraão havia
já algum tempo que começara a exercer fé de uma forma espontânea e agora esta
fé precisava de ser aperfeiçoada.
Em segredo
Abraão toma o seu filho e parte para o lugar que o Senhor lhe havia de mostrar.
Diz e
Escritura que no terceiro dia Abraão viu “o lugar de longe” e pediu ao moços
que ficassem naquele lugar, pois ele e Isaque iriam adorar depois voltariam.
Eis agora a
questão: se Abraão viu o lugar de longe é porque em alma visão ou de outra
forma o Senhor lho mostrou, e assim ele o conheceu quando o viu.
Ao chegar ao
lugar Abraão começou com firmeza a prepara as coisas para o sacrifício.
Na hora de desferir
o golpe final sobre Isaque, a sua mão foi segura pelo Senhor, caso contrário
ele levaria até ao fim a ordem divina.
A Epístola
aos Hebreus no capítulo 11, diz-nos porque razão Abraão estava na disposição de
levar até ao fim a ordem divina: “julgando
que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar; e daí também em figura
o recobrou” (Hb 11:19)
A
ressurreição é um conceito novo a par com a mesma, em relação ao tempo de
Abraão, nunca se tinha falado nela nem tinha sido vista.
Se Abraão
creu que Deus era poderoso para ressuscitar seu filho é por que de alguma forma
Deus lhe mostrou esse facto, porque ninguém pode crer naquilo que nunca ouviu
ou nunca viu.
Certamente
Deus mostrou muitas coisas a Abraão quando lhe mostrou o lugar aonde havia de
sacrificar o seu filho, entre elas lhe mostrou Jesus crucificado e, lhe mostrou
também Jesus ressuscitado, por isso ele creu que Deus que ressuscitou a Jesus
era poderoso para fazer o mesmo com Isaque, e diz o texto acima que é como se
Isaque tivesse sido ressuscitado.
Abraão pode
voltar com Isaque para junto dos seus servos como tinha dito que voltariam e
depois para o acampamento a três dias de caminho.
Sara morreu
tinha 127 anos [Gn.23.1] logo, Isaque tinha 37 e Abraão tinha 137.
Abraão havia
de morrer com 175 anos [Gn.25.7] com esta idade ainda conheceu Esaú e Jacó, entretanto
de um segundo casamento teve mais seis filhos…
Certamente
Abraão não esperava viver tantos anos… esta foi uma recompensa divina ainda
nesta vida pelo exercício da sua fé.
- CONCLUSÃO
Quando
Abraão de braço no ar se preparava para imolar o Isaque, Deus deteve-o e
disse-lhe: “…porquanto agora sei que
temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, o teu único filho. Visto
que não me negaste teu filho, o teu único filho”
Este
“porquanto agora sei”trouxe-me intrigado durante muito tempo, porque nos parece
por em causa a omnisciência de Deus, como se até ali Ele não soubesse.
Com absoluta
certeza Deus sabia que Abraão era capaz…
E Abraão
sabia que era capaz de faze-lo em obediência a Deus!?
E as
gerações futuras até hoje sabíamo-lo!? Certamente não…
Então
podemos parafrasear esta Escritura e dizer-mos: agora é sabido…; agora provaste…
que a tua fé é espontânea e obedeces sem resistência.
A Escritura
diz: “…sem fé é impossível agradar a Deus…” (Hb.11.60); “Logo a fé é pelo
ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.” (Rm 10:17)
Abraão
aceitou imolar o filho porque pela fé aceitou a revelação divina…
O crente nos
dias de hoje e até que Jesus venha deve imolar-se a si mesmo se de facto crê na
revelação divina…
Paulo
escreveu: “E assim, irmãos, peço-vos, através do amor de Deus, que dêem
as vossas vidas a Deus. Que elas sejam como que um sacrifício vivo, santo, para
Deus - o tipo de sacrifício que ele aceitará. Quando pensamos em tudo o que ele
fez por nós, será isso pedir muito? Não se conformem com os padrões e costumes
deste mundo, mas sejam como gente diferente, através da renovação da vossa
maneira de pensar. E dessa forma conhecerão o que Deus deseja que façam, e
verão como a sua vontade é realmente boa, agradável e perfeita.” (O
Livro:Rm.12:1-2)
Como Deus
recompensou Abraão pelo exercício da sua fé, de igual modo recompensará a cada
um que se disponha e exercer a sua fé.